Pular para o conteúdo principal

As palavras e as coisas

A pandemia vai abolindo o sim e o não, mesmo sob o protesto generalizado das pessoas - preferimos o erro à incerteza, contanto que possamos manter a pose.

De foice em punho, a mais severa pedagoga observa o doloroso aprendizado, aproximando-se às vezes um pouco mais de um sujeito ou de outro, a quem examina com minúcia.

Ontem ainda, alguns destes se entusiasmaram com uma notícia alvissareira: a manchete anunciava que raramente os indivíduos assintomáticos transmitem o vírus.

Hoje, um punhado de autoridades correu para esclarecer a sutil diferença entre pré-sintomáticos e assintomáticos enquanto a foice descia lentamente em direção ao pescoço de alguns alunos impacientes e cheios de razão.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Oito coisas para fazer com preguiça

. Escorregar o ânimo num cago de chuva. Sentir desejo de planta por travesseiros. Celebrar a paz das vassouras com as teias. Vegetar as idéias no pó assentado. Esquecer do amarelo gritando lá fora. Embalar um mofo com pão dormido. Deixar para o limo o amansar as facas. Querer, só nesta manhã, o desmantelo do tempo. * Releitura do poema publicado na revista Germina .

a paz

. há um tempo sem nenhuma submissão nalgum lugar entre o desejo e a lembrança onde o ser ou não ser não se cogita e o que anima pode em casa descansar

O cético

O cético não é necessariamente um infiel. É apenas um sujeito de curiosidade inabalável. Quase nunca acredita que as coisas são aquilo que parecem ser, nem mesmo a verdade. Assim, prefere esperar enquanto os outros folgam em julgar - o cético é aquele que espera pacientemente o tempo concluir a sua obra.