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A solitude


Ei-la comigo outra vez
(a quietude deu-lhe corpo)
Ela pôs gosto nesta casa
obstinou-se em seus quintais

Perambula em seus alpendres
a confabular com a brisa
os segredos da extração
da porção fóssil da língua

Insinua-se entre os vãos
das palavras e das coisas
lugar em que o sonho lavra
o saber das comunhões

Os meus cães a reconhecem
e a guardam reverentes
Ela é a minha musa
Eles são o meu daemon

~

DAEMON

Nome dado pelos gregos para os espíritos iluminados que acompanhavam os heróis. Philip Pullman inspirou-se neles para criar os daemons .da trilogia His Dark Materials. Nestes livros, os daemons são animais que seguem os humanos e guardam a parte mais instintiva e criativa de suas almas - e a menos domesticável também. A tradição judaico-cristã deu ao termo latino equivalente (daemonium.) um sentido negativo: "espírito do mal, demônio, diabo".

LA VENADITA, DE FRIDA KAHLO (1946)



A SINGULARIDADE DA POESIA

No que exatamente a poesia distingui-se dos outros gêneros e textos? Antonio Cicero sustenta em seu blogue este debate interessantíssimo com o Paulo Toledo. Imperdível.

Comentários

Jacinta Dantas disse…
Tim tim

Pois é rapaz, "sinta quem lê". Sabe que quando publiquei menina moça, recebi um e-mail de uma psicalista dizendo-me que - faltou falar da menina-moça da atualidade -
Realmente, cada um leva a palavra para o seu lado. Bacana isso.

E que continue assim. Todos os dias cheios de palavras a serem semeadas nos jardins para se transformarem na beleza que o leitor mais desejar.
Beijo
Jacinta
Leila Andrade disse…
Héber, que interessante ficou o formato, nos indica vários caminhos culturais.
Agora, só lendo com calma!!
Bjo e um brinde.
Gostei da reunião das informações e pitadas pessoais. Isso tudo é um exercício importante do olhar sobre as coisas. Ficou bacana.

Abração!!
Unknown disse…
Sim, conheço sim, tenho 2 livros sobre ela que tem essa pintura, obrigada pela lembrança.
yuri assis disse…
primeiramente: feliz ano novo pra você também!

por um acaso, eu assisti "a bússola de ouro" ontem...
não tinha lido o livro antes, mas gostei muito do filme. agora, lendo seu post, consigo entender porque queriam separar as crianças de seus daemons - como forma de cercear o livre-arbítrio delas, aquilo que as torna diferente dos outros. acho que isso não ficou muito claro no filme. eu mesmo não consegui perceber que havia uma ditadura, mas sim que o magistério era uma instituição poderosa, pesada... mas não me parece hegemônica, pelo menos o filme não me passou isso... fiquei querendo ver a continuação e morrendo de vontade de ler os livros - o que com certeza farei.

quanto ao jovem poeta de rilke, eu fiz um poema chamado "Metapoética":

Quero escrever como escrevo,
despretensiosamente.
Na diferença,
reside minha liberdade.
Se o padrão me execra,
alguém no mundo se encanta
com minhas palavras.
No máximo, organizo-me
para meu maior prazer.


intitulei o post em que essa poesia aparece de "Minha resposta (sem que ninguém tenha perguntado)". e sou a favor do que disse valéria freitas: depois da euforia da inspiração, do surgimento da idéia, é que vem a consolidação desta. e aí, cabe a quem cria saber extrair o melhor.

quanto à singularidade da poesia...
a poesia é o quarto olho, pra mim. é o grito de liberdade. é a expansão de si mesmo. a poesia pra mim se vale pelo sentido.

e que bom que você gostou de "História de um artista". fiquei feliz em saber que prendi alguém. ;)

grande abraço!
Constança Lucas disse…
um 2008 cheio de boa poesia para todos nós

abraços
Constança
Alma disse…
Muito bom!

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Oito coisas para fazer com preguiça

. Escorregar o ânimo num cago de chuva. Sentir desejo de planta por travesseiros. Celebrar a paz das vassouras com as teias. Vegetar as idéias no pó assentado. Esquecer do amarelo gritando lá fora. Embalar um mofo com pão dormido. Deixar para o limo o amansar as facas. Querer, só nesta manhã, o desmantelo do tempo. * Releitura do poema publicado na revista Germina .