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Os desamparados


Ela gosta de gatos; eu, de cachorros, embora admire os bichanos.

- Os gatos são autênticos, eu morro de rir com os meus. Às vezes, passo muito tempo observando como eles brincam entre si ou se comportam de alguma maneira engraçada.

- Tá aí, eu gosto de observar gatos.

- São bastante elásticos, conseguem mover as partes do corpo com muita dominação, ignorando às vezes os próprios ossos. Dão a impressão de saber o que estão fazendo.

- Sim, bruxos! Têm audácia. E são essas esculturas com movimento.

- Por isso são mágicos. Parecem poetas. Digo, os poetas parecem felinos.

- Nos poemas, precisam ser. Na vida, são como os demais humanos, desamparados como cachorros.


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