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Mostrando postagens de outubro, 2016

O poeta

Sete aranhas, de tamanhos e idades variados - parecem todas parentes uma da outra - colonizaram cerca de um metro cúbico de ar improdutivo no fundo da sala, um pouco acima da janela, à direita. Nenhuma pessoa notou quando chegaram ali. Estenderam, furtivas, as suas teias e agora vivem de rendas. Uma delas, finíssima, parece bem jovem ainda e foi detectada por último, imóvel. Como desde então ninguém a viu se mexer e permanece quieta sobre o teto branco, cogita-se que talvez seja um desenho delicadamente talhado sobre o mausoléu da família. Na verdade, há pouco movimento na propriedade. As demais aranhas também passam bastante tempo paradas, sem trabalho algum. A maior delas é muito grave e vive entregue a profundas reflexões - talvez esteja maquinando um novo sistema filosófico capaz de dar cabo de todas as ironias da existência. Embora pareçam medonhas e insensíveis, são de uma espécie que não faz mal a ninguém, apenas coletam de vez em quando os ingredientes necessários à sua dieta

Essa Tao leitura

- Que texto difícil... Não entendi quase nada! - Que bom, sinal de que vai aprender muita coisa. - ... - Relaxe, é como um quebra-cabeça. Primeiro, você ignora as peças mais difíceis, praticando o desapego e a humildade. Vai juntando só as peças mais fáceis, todas elas, até que as mais difíceis se tornem fáceis também.

van gogh

na estrada por que nunca passou, dar as costas ao sol que se põe. já não lhe importa mais a luz, se o obriga ou fascina - agora somente deseja sentir o sopro azul da noite chegar nessa estrada, longa estrada, por que nunca passou.