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Mostrando postagens de agosto, 2016

Clichês, ansiolíticos e outras facilidades

Vou parar de fazer pouco caso, questionar e tripudiar de rótulos e clichês. Eles não merecem a má fama que comento. Devo reconhecer confortavelmente que sim, eles têm muita utilidade. Vou carregar alguns comigo por conveniência. Terei sempre esses bons ansiolíticos para distribuir aos companheiros de jornada, especialmente àqueles que caminham comigo não por sua livre escolha mas porque deram o azar de ter que compartilhar alguma obrigação com um notório ranzinza de bom humor. Logo de manhã, se me responderem "tudo bem" e me perguntarem idem, não direi mais coisas do tipo "como de costume, nem tudo bem, mas por costume, tudo bem". É no mínimo desagradável para a maioria das pessoas, apesar de ser a mais pura verdade, ou talvez por ser exatamente isso - quem quer ser acordado de um sonho bom? Alguns indivíduos ficam levemente consternados e têm um tique nervoso na hora, outros ficam sem jeito, outros riem mas não sabem bem do que, talvez para parecerem espertos ou

RÉQUIEM EM SI MAIOR

Outro dia, com muito pesar me avisaram Que o meu velho pai estava morto. De fato, eu até vi no caixão um corpo, Mas não era ele, isso eu tenho bem claro. De manhã ainda, um pouco antes do velório, Um belo garoto, cabeludo e castanho, com muita alegria e doçura me falou: Meu tio, é pra você ficar mais à vontade. E depois correu e abraçou o seu pai, E o seu pai o abraçou e o beijou também. E eu não pude deixar de ver neles dois O mesmo bicho manso, carinhoso e sem maldade: Eram sem sombra de dúvida o meu pai.